Simão Cirineu - Mudança através da cruz

 

Cirene, a cidade de Simão

Era uma província localizada na região norte da África do Norte e teve fundação pelos gregos em 630 antes de Cristo. Cirene era uma das 5 maiores cidades gregas, além de ser a mais antiga e mais importante de todas. Cirene foi dada ao domínio romano cerca de 96 antes de Cristo pelo seu governante Ptolemeu que tinha medo de uma invasão e possível destruição da cidade. Somente 10 anos depois o domínio romano era reconhecido na cidade.

Cirene e os Judeus

Os judeus em Cirene tinham os mesmos direitos da população nativa da região. Havia um certo prestígio por parte dos judeus no templo pela presença dos cireneus, por virem de uma região tão vasta e importante para o império romano na época. A população judaica dessa província era tão significativa, que Jerusalém tinha orgulho de ter uma sinagoga dos libertos para os visitantes de Cirene e para outros estados livres (Atos-6:9). Hoje é a Etiópia, então Simão era um africano que em hebraico é chamado de Shuaz, que significa negro. Eles tinham até uma sinagoga própria como este escrito em Atos 6:9:

"[..]Da sinagoga chamada dos libertinos, e dos cireneus e dos alexandrinos[..]"

Essa cidade ou este território antes de ser uma colônia grega era um reino chamado Sabá, e tinha uma rainha chamada e conhecida por “Rainha de Sabá”, que a muitos anos atrás teria vindo visitar e conhecer o famoso rei e tido com ele um relacionamento profundo (I Reis 10). Os historiadores Judeus acreditam que Simão era descendente desse relacionamento e a prova de que ele era um judeu é o seu nome, Shimom, que era também o nome do segundo filho de Jacó, uma das tribos de Israel. Sim, este homem era um judeu negro! Ele era um monoteísta, ele acreditava em um único e verdadeiro Deus que reinava sobre toda a terra.

Porque Simão estava em Jerusalém?

A distância entre Cirene e a cidade santa de Jerusalém era de cerca de 1.600KM de distância. O que fez Simão viajar numa época que uma viagem desta levaria meses? Simples resposta! Na tradição judaica, o judeu tinha que pelo menos uma vez na vida peregrinar até Jerusalém e participar de uma das três festas sagradas:

Festa dos tabernáculos

Festa da páscoa

Festa da pentecoste

Simão estava em Jerusalém para celebrar a páscoa. Se você perceber, Jesus comemora a páscoa com os discípulos na noite passada.

Como era a cerimônia da páscoa?

Ela era comemorada no dia 14 de Abibe (Março-Abril no calendário atual) no templo de Jerusalém. O seguinte ritual era feito:

Homens vestidos de linho branco e com cordeiros puros se dirigiam ao templo.

Eram examinados para ver se a veste e o cordeiro estavam sem manchas, só assim entravam no templo.

O sacerdote cortava a julgular (Veia do pescoço) e pegando o cordeiro pelas patas, rodava 7 vezes o altar espalhando todo o sangue.

Após isto, pegava uma planta chamada Hiposso, que era esponjosa e retia muito líquido. Ela é citada em Salmos 51:7.

Com esta planta encharcada, o sangue era jogado sobre os homens ao redor para que cada um pelo menos tivesse uma gota do sangue do cordeiro em sua veste branca, representando o perdão pelos pecados.

Isto representava uma honra! Era como ganhar um prêmio. Tanto que eles viajam de tão longe, se sujeitando a viagens longas, cansativas e perigosas para realizar este ato sagrado na sua cultura.

A chegada de Simão

Após esta viagem, Simão chega a Jerusalém e se prepara para o momento tão esperado do sacrifício do cordeiro no templo! Ele entra pela porta de Damasco e já se prepara para o ritual. Troca sua roupa suja de viagem por uma veste de linho puro e sem manchas. Deveria estar muito feliz, pois era um momento único em sua vida.

Ele se dirige em direção ao templo, mas ao dobrar uma esquina ele se depara com uma aglomeração que ocupava todo o caminho. Como ele iria chegar ao templo? Teria de esperar a multidão passar. Simão aproveitou e se aproximou para ver o que estava acontecendo.

Simão se encontra com Jesus

Ele descobre que um condenado estava sendo castigado e obrigado a carregar uma cruz pelos seus pecados. Este carregava uma placa escrito:

“Yeshua et Nazareth melec Yudim”, ou seja, “Jesus de Nazaré rei dos judeus”."

Em hebraico, latim e grego para que todos entendessem. Hoje eu coloco no lugar de Simão. Ele deveria estar assustado com a cena, não deve ter presenciado algo tão cruel na sua vida. Provavelmente tentou de todas as formas se esquivar da multidão que vinha em sua direção, mas ao chegar perto de Simão, o condenado não aguenta e cai no chão, misturando suas vestes ensanguentadas com o pó da terra seca de Jerusalém.

Naquele momento Jesus não aguentou mais carregar a pesada cruz. Seu corpo estava debilitado, rasgado, infeccionado e dolorido. Estudiosos dizem que a dor de Jesus era tão grande que ele não sentia mais seu corpo, pois o mesmo não conseguia produzir as substâncias necessárias para produzir a sensação da dor.

 

Um soldado romano intima Simão a carregar a cruz com Jesus. Conhecendo o tratamento romano que era dado ao seu povo em Cirene, Simão não demorou muito e logo fez o que foi ordenado. Com certeza ele falou algo do tipo:

"Ei, eu não tenho nada a ver com isso! Eu não cometi pecado, diferente deste que esta ai, não tenho culpa".

Entenda a situação: Simão viajou 1.600 KM, ficou meses no deserto, passou por diversas tempestades, altas temperaturas para viver o momento mais esperando da vida dele, e de repente percebe que o rumo dela mudou drasticamente e estava ameaçado de não acontecer. Simão teve que ajudar Jesus a carregar a cruz. Teve sua bela roupa de linho branco ensanguentada pelo sangue de um condenado.

Imagine como ele sentiu fúria! Eu ficaria revoltado pois um momento único da minha vida poderia estar sendo arruinado. Ah, lembre-se que o sacrifício da páscoa era só feito uma vez durante o ano. Simão teria que voltar os 1.600 KM e encarar sua família dizendo que não tinha feito a maior honraria de um Judeu.

Em meio aquele momento de tormento e raiva, aonde teria que carregar uma cruz e perder o seu maior sonho Simão encontra o verdadeiro cordeiro de Deus, que iria mudar o destino da sua vida.

Uma mudança de vida

Simão fica constrangido ao ver o olhar ferido, mas tão meigo e puro de Jesus. Ele encara Jesus face a face e sente que aquele não era um condenado, mas sim um inocente, aquele era o rei dos Judeus!

Amo muito o filme Paixão de Cristo, principalmente na cena em que Simão fica revoltado com as pessoas agredindo Jesus. Simão realmente soube que ali estava o real cordeiro de Deus, que suas vestes estavam manchadas de sangue, sangue de cordeiro, sangue de Jesus!

O grande sonho de Simão era concretizado de outra forma. Quando você teve seu encontro com a cruz de Cristo, viu todo o sofrimento, o sangue dele te purificar, você mudou seu objetivo de vida?

Se você teve um encontro com Jesus e não deixou ele decidir qual o seu objetivo de vida, você não aceitou ele realmente. Ao aceitar Jesus enterramos o eu e só existe Jesus no querer e fazer.

Como Paulo disse em Gálatas 2:20:

Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.

 

É tão fácil falar, mas praticar é difícil! Não é exato!

Mas Jesus disse que aquele que perseverar até o fim, este sim será salvo! Temos que perseverar e a cada dia querer mais e mais fazer a vontade dele, que é perfeita!

Os dois tipos de pecadores

O pecado é responsável por cegar o ser humano e o tornar ignorante ou indiferente com a verdade pura de Deus.

Existem 2 tipos de pecadores: Os pecadores cegos pelas suas opiniões e cegos pela religião.

O judaísmo estava fracassado. Seus sacerdotes corrompidos e indiferente com os problemas e necessidades do povo. Como Jesus disse: "Eles gritam meu nome, mas seu coração está longe de mim".

O templo era um local de comércio, onde vimos Jesus demonstrar sua revolta com o que era feito lá. O judaísmo estava separando as pessoas de Deus cada vez mais, pois somente os puros podiam se achegar.

Isto criava um fardo muito grande para as pessoas carregarem.

E Simão era um pecador do tipo?

Simão estava sendo guiado pela sua religião. Jesus vem e muda tudo isto ao se sacrificar pelos pecados de todos! Simão seguia a sua religião, mas ao encontrar Cristo tem uma nova visão!

Diferentemente do judaísmo, aonde era necessário se ter vestes brancas para ser purificado, Jesus vem e lava com seu sangue as vestes sujas e manchadas pelo pecado. Como ele disse: "Eu vim para os doentes e não para os sadios".

Uma cena inesquecível

Imagine agora Simão deixando o cordeiro de Deus à beira da crucificação. Simão olha para o céu e vê que pela a posição do sol já havia passado o tempo para realizar o sacrifício, além disto, sua veste estava toda ensanguentada. Deve ter saído pela cidade perguntando para as pessoas:

"Quem era aquele homem? Ele era o rei dos judeus?"

E alguém deve ter respondido dos milagres e maravilhas que ele fez, porque muitos que acreditavam em Jesus acompanharam sua crucificação. Ele sai de Jerusalém e vai completamente atordoado com a cena que nunca mais sairia da sua cabeça. Um homem inocente, puro, meigo e rei dos Judeus era crucificado sem merecer. Imagino que ele deve ter sentindo os tremores, o tempo se fechar e o grande alvoroço por que o véu do templo estava rasgado, mas depois disto nada mais lhe importava a não ser regressar aos braços de sua família.

 

De volta para casa

Uma longa jornada de volta teria que ser feita pelo judeu negro, mas agora ele carrega dentro de seu coração a imagem da face machucada de um homem que era inocente, e dentro de sua bagagem vai uma roupa de linho branco encharcada de sangue. Quando Simão chegar em casa, seus filhos, sua família, seus amigos, querem ver o troféu, então Simão ira tira a veste de linho e lhes conta a história de Yeshua Ben-David, e todos choram juntos e se convertem ao nome que está acima de todos os nomes. E talvez você pergunte como cheguei a esta conclusão, é só lermos o escrito de em Romanos 16:13. Mais tarde encontramos o Apóstolo Paulo se referir a um grande missionário da região de Corinto, na cidade Cencréia, que na verdade era um porto de Corinto. Segundo historiadores este Rufo tinha um irmão também muito fervoroso e fiel a palavra, e seu nome era Alexandre, ambos os filhos de Simão.

Os 50 passos do local onde Simão ajudou a Jesus até a próxima estação significam os cinquenta dias que se deu após a morte de Jesus até o dia do pentecostes, a descida do maior presente dado ao homem, O Espírito Santo.

A bíblia relata a conversão dos parentes de Simão?

Não diretamente, mas se você ver na carta aos Romanos 16:13:

"Saudai a Rufo, eleito no Senhor, e a sua mãe e minha."

Em Marcos 15:21 é relatado que Simão era pai de Alexandre e Rufo:

"Certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo[...]"

Simão, um marco na história

Simão foi o que mais de perto acompanhou a salvação da humanidade. Ele fez parte disto, ele ajudou o mestre neste momento. Foi impactado e transformado por isto. Analisando, podemos dizer que a família de Simão Cirineu foi uma das primeiras evangelizadas após a crucificação de Cristo, tanto que Rufo (Filho de Simão) foi rejeitado pelo sinédrio cireneu por reconhecer que o homem que seu pai ajudou a carregar a cruz era o Rei dos judeus.

Conclusão

Depois de tantas histórias e suposições, a pergunta reflexiva: Precisamos que nossos propósitos sejam confrontados com os propósitos do Senhor Jesus, pois de nada adianta buscarmos o pouco se Ele tem muito para nos dar, pois Simão buscava gotinhas de sangue e ganhou uma veste encharcada do verdadeiro sangue do verdadeiro cordeiro pascal. Vendo o sangue de Cristo sendo derramado e purificando você, já tens pensado em rejeitar as tuas vontades e carregar a cruz que ele propôs, para assim levar a salvação à muitas almas e famílias necessitadas? Para transforma-las completamente e inflamar outras pessoas como Simão inflamou o coração de seus filhos e parentes? Pare e reflita no que Jesus tem significado para você, e se necessário recomece a sua vida com Jesus!